O foco sensorial é uma técnica muito utilizada em terapia sexual quando a queixa ou o problema se relaciona com a ansiedade provocada pelo desempenho sexual. Baseia-se no trabalho de Masters & Johnson.
As queixas mais comuns são as dificuldades relacionadas com o desejo ou com problemas de erecção. O foco sensorial é uma técnica comportamentalista (visa mudar o comportamento, portanto) que assenta no princípio da aproximação progressiva ao que é mais temido. E o que é mais temido (e o que causa ansiedade) é usualmente a penetração vaginal pelo pénis (falando em relações heterossexuais). Ora, dado isto, também é essencial acompanhar a técnica do foco sensorial com a desconstrução da centralização da penetração vaginal pelo pénis. Se, por um lado, o foco sensorial permite aos casais que o desejam ter penetração vaginal pelo pénis, por outro corre-se o risco de reforçar a crença de que "a penetração é o objetivo" desvalorizando-se todo o repertório genital e não genital que não implique penetração. O foco sensorial realiza-se usualmente em casal, sendo estruturado em consulta e em casa. Nas consultas discute-se as indicações dos exercícios e como vão sendo experienciados, em casa faz-se os exercícios propriamente ditos. É composto por quatro fases: 1. É proposto aos casais as trocas de carícias não genitais (os genitais são uma "área proibida", se quiserem) que têm como objetivo o conforto, o prazer, a intimidade. Trata-se de fazer o que faz o/a outro/ sentir bem e o que me faz sentir bem. 2. Em seguida, é dada "autorização" aos casais, se assim o desejarem, para continuar a fase 1 envolvendo as carícias genitais, sendo "proibida" a penetração. 3. Esta é a fase em que o coito poderá acontecer, constituindo-se como uma extensão das duas primeiras fases continuando-se o trabalho de exploração do prazer e do erotismo. 4. Finalmente, é "permitido" aos casais que possam ter orgasmos com o coito. Novamente, contextualizando-se a exploração do corpo e das sensações. Há muitas variações do trabalho do foco sensorial. Tantas quantas os/as terapeutas e os casais. Diria, também, que o mais importante nesta técnica é conseguir perceber como podemos diminuir a ansiedade do desempenho (que, na maior parte das vezes, continua ainda a constituir-se em torno da penetração vaginal pelo pénis) e como essa diminuição permite experienciar o corpo de um modo mais completo e mais erótico. Indo além da penetração. Com foco no processo, no toque, nas sensações e no corpo. Mais do que permitir a penetração, o foco sensorial pode ser usado para diminuir a ansiedade em relação à sexualidade e permitir uma vida sexual mais rica. Lésbica - mulher que sente atração por mulheres
Gay - homem que sente atração por homens Bissexual - pessoa que sente atração por homes e mulheres. Também se pode falar de Pansexual quando a atração é por todos os géneros (independentemente de serem identificados como homens ou mulheres) Trans (transexual ou transgénero) - aqui já entramos no domínio da identidade de género e não da orientação sexual. O conceito trans contrasta com o conceito cis. Uma pessoa trans é uma pessoa cuja identidade de género não coincide com o sexo que lhe foi atribuído à nascença. Queer - a identidade queer pretende ir além do binarismo homem/mulher, homo/hetero,... É a identidade mais fluida por excelência. A teoria queer postula a construção social (e não biológica) das identidades Intersexo - falamos da sexualidade biológica (cromossomas, caracteres sexuais) que não se encaixa no binarismo homem/mulher Assexual - pessoas que não sentem atração por outras pessoas, independentemente do género (também pode significar aliado/a, havendo alguma controvérsia em relação ao que pode representar este "A") + diversidade de todas as identidades de género e orientações sexuais que possam existir Um conjunto de siglas para representar uma comunidade e um movimento social, político e cívico que defende a inclusão da diferença em relação à identidade de género e à orientação sexual. Enquanto violência de género.
Sobre mulheres. Não vou falar aqui da violência sexual que usualmente mais se fala, ou seja, da violação. Queria falar de algo bem mais subtil e que muitas vezes é recebido com alguma dúvida se se poderá constituir como violência (de género) ou não. Para mim parece-me evidente que o é. O exame ginecológico quando mal feito. Ginecologistas que aprendem usualmente a parte técnica, a examinar o cérvix, útero e ovários e que muitas vezes se esquecem que, para isso, têm que penetrar o canal vaginal, quer seja com sondas, espéculos ou dedos. E fazem-no sem dizer que o vão fazer. Fazem-no sem garantir à mulher que interrompem o exame a qualquer momento se esta pedir. Assisti a um webinar recentemente onde se abordava precisamente este tema e fiquei perplexa ao constatar o que uma investigadora dizia: a primeira coisa que usualmente o/a ginecologista faz após a mulher se deitar e colocar as pernas naqueles apoios é encostar (no melhor dos cenários, para não dizer introduzir) o espéculo ao canal vaginal. Sem perguntar, sem informar o que vai fazer. Tenho que fazer a ressalva que há excelentes profissionais para os quais tudo estou a dizer não se aplica. E obrigada por existirem. Mas as queixas sobre o exame ginecológico não podem ser ignoradas. E algo de muito errado se passa em muitos exames ginecológicos para haver tantas queixas e insatisfação por parte das mulheres. Desde a desvalorização das queixas (a dor, por exemplo) até, como já referi, à falta de consentimento para serem examinadas. Fala-se alguma coisa (embora ainda muito residualmente) de violência obstétrica. No momento do parto, portanto. Mas o exame ginecológico parece ser ainda muito pouco abordado. A literatura que conheço que vai nesse sentido, parece denunciar uma atitude muito paternalista de ginecologistas perante a expressão de desconforto da mulher durante o exame ginecológico respondendo com um muito simples "relaxe", "tem que relaxar". Algumas são as indicações que parecem fazer aumentar o conforto e a satisfação das mulheres aquando do exame ginecológicas. E são todas muito simples de implementar por ginecologistas: - informar sobre o procedimento - esclarecer que basta a mulher pedir para parar que interrompem o exame - ouvir e valorizar as queixas das mulheres - oferecer a possibilidade de ter companhia durante o exame - oferecer um lençol para a mulher se tapar durante o exame De não esquecer que muitas mulheres aguentam o desconforto em silêncio, não falam com o/a seu/sua médico/a ginecologista. Por achar que não vão ser ouvidas, pelo desequilíbrio de poder (afinal o/a ginecologista é que sabe, é ele/ela que é o/a especialista) ou simplesmente por acharem que o exame é mesmo assim, doloroso e desconfortável. A verdade é que não é suposto doer. Pode-se sentir alguma pressão, mas não dor. Falem com o/a vosso/a ginecologista. Falem com outras mulheres. Falem! E exijam ser tratadas com respeito e dignidade... Para que todas possamos ser tratadas com respeito e dignidade. Podem ver o e ouvir uma breve apresentação sobre o tema por Mijal Luria aqui. Todas as apresentações do webinar são muito interessantes, mas se quiserem apenas ouvir e ver a Mijal é entre os 44:30 e os 55:30 |
Sofia B. SousaPsicóloga Clínica Arquivos
May 2023
Este blog tem objetivos educativos e informativos.
E não deve ser considerado como forma de terapia e acompanhamento psicológico. |